Há dias, a angústia aqui dentro é resultado das notícias sobre a brasileira que viajava pela Indonésia e caiu na montanha de um vulcão fazendo uma trilha.
Nas noites seguidas, meus sonhos se misturavam com essa tristeza e as outras tristezas no mundo.
Ficava aflita ao ler notícias em que o resgate não acontecia, a família não ia ao seu encontro e que cada minuto nas montanhas, sem água, sem comida e fazendo muito frio, contava.
A cada dia, aqui dentro de mim, era confirmação de menos chance de vida.
As trilhas com turistas continuavam acontecendo, mesmo sabendo que havia uma pessoa a ser resgatada nas fendas do vulcão.
A localização onde ela havia caído foi dada através de um drone de outro turista e não de pessoas trabalhando na sua busca.
As autoridades da Indonésia não se moviam. O Itamaraty não se movia. Assim as notícias chegavam pra mim.
Muitas perguntas rondavam meus pensamentos:
Por que a deixavam sozinha? Por que sua vida não era prioridade?
Por que o guia a abandonou nas montanhas?
A verdade é que eu já conhecia essas respostas.
A todos que me perguntam sobre a obra “Você está sozinha”, que fiz em 2024, acho que não preciso mais explicar.
Estamos todas sozinhas.

“Você está sozinha” • bandeira e lambe-lambe
Carol Grilo, 2024
Deixe um comentário