Categoria: FofysFactory

  • Escrevendo cartas

    Escrevendo cartas

    Tenho vários sketchbooks onde testo todo tipo de técnica de desenho, colagem e pintura.

    Compartilhando fotos das minhas páginas, chegou o convite da Letícia Gallotti, proprietária da papelaria Papellotti, para criar uma coleção de papéis de carta e adesivos

    Há mais de seis meses, comecei esta empreitada criando uma série de desenhos com caneta nanquim e guache que pudessem virar estampas desta nova coleção.

    O kit é formado por uma bolsinha plástica, quatro estampas de papéis de carta e seus respectivos envelopes, mais uma cartela de adesivos. Assim como nos velhos tempos, a ideia é voltarmos a escrever cartas pra quem a gente gosta ou até mesmo colecioná-las.

    A boa notícia é que foi lançado em dezembro, com as comemorações de 10 anos da papelaria. Uma felicidade só ver a ideia concretizada, depois de tantas idas e vindas da gráfica até ficar do jeito que queríamos.

    Se quiser comprar o seu, já está disponível da Papellotti, no centro de Florianópolis:

    Rua Saldanha Marinho, 305

    Telefone(48) 3223-7868

  • Colado & bordado

    Colado & bordado

    Como se não bastasse o tecido, bordei em papel.

    Mais que isso: recortei, colei, criei novas imagens para só daí intervir com agulha e linha.

    Pontos novos. Faz, refaz. Desfaz.

    Às vezes, canso do limite. Tento ir além.

    São ideias que sobrevoam a minha cachola e, vez ou outra, preciso dar chão a elas.

    Realizar.

  • Um coração ardente

    Um coração ardente

    Me reencontrei com a Escrita de Lygia Fagundes Telles depois de adulta, com “Ciranda de Pedra”. Se tornou uma das minhas escritoras favoritas.

    Sua escrita misteriosa, que busca caminhos inesperados, me inspirou em vários bordados que fiz na FofysFactory®.

    Em 2018, fui convidada para participar da exposição “As linhas do corpo”, um coletivo de artistas que bordam aqui de Florianópolis.

    Quando comecei a pesquisa, me deparei com uma frase do livro “A disciplina do amor”, e a partir dali comecei a desenvolver minha obra “Linha dupla”.

    É desta obra em que a frase bordada por mim “Não cortaremos os pulsos, ao contrário, costuraremos com linha dupla todas as feridas abertas”, desde ontem, foi espalhada pelas redes sociais quase sem nenhum crédito.

    Tempo depois, ao ministrar uma oficina unindo bordado e literatura no Colégio de Aplicação da UFSC, fiz meu segundo trabalho inspirado em sua escrita. Nesta obra, usei uma frase de “Verão no aquário”:

    Essas criações autorais, viraram também bordados encomendados por clientes da FofysFactory®, o que me deixou muito feliz.

    As palavras de Lygia estão presentes nas minhas criações porque, de alguma forma, elas traduzem o que sinto.

    Não dá só para lamentar sua partida: deixou uma vasta obra e morreu prestes a fazer 99 anos. Há de se comemorar um legado desses!

    Para sempre, Lygia Fagundes Telles.

  • Bordando as palavras

    Bordando as palavras

    Certa vez fui convidada para sair num livro chinês falando sobre meu trabalho na FofysFactory. Foi uma emoção ter participado da edição feita tão longe! Uma amiga achou o livro em uma livraria numa viagem à China!

    Em outro momento, fui convidada a ensinar um produto feito pela FofysFactory num livro americano de “faça você mesmo”. Nunca recebi a edição, e levei um susto quando achei sem querer na prateleira da Livraria Cultura, em São Paulo. E meu produto foi a capa!

    Mas essas histórias eu conto aqui outra hora. O livro da vez foi escrito pela Paula Gotelip e chama “Dançando com as palavras” onde ela relata sua própria infância, tendo dislexia.

    Fui convidada para fazer as ilustrações bordadas. Com o convite, veio também a amizade com essa equipe criativa, cada um com seu métier. Filipe Lampejo, designer de mão cheia, cuidou da cara do livro e colaborou com a ilustração também, com cores vibrantes Pantone. Nas mãos dele é que meus bordados ganharam vida e volume nas páginas impressas.

    A edição ficou por conta da Cia. Mafagafos, representada pela Aline Maciel.

    Foram muitas conversas e troca de ideias remotas (parte do grupo em Minas e outra parte aqui em Florianópolis) que o livro finalmente nasceu, com o empurrão do Edital da Fundação Franklin Cascaes.

    Foi todinho pensado nas pessoas disléxicas, para que a leitura seja confortável, clara e divertida. A história encoraja as crianças disléxicas a dançarem com as palavras! Vamos dançar?

    Assista ao vídeo de todo o processo aqui.

  • Mundo fantasma

    Mundo fantasma

    Daniel Clowes é um dos meus quadrinistas preferidos. Entre tipos esquisitos, pouco sociáveis e cheios de mania, a personagem que mais me identifiquei foi a Enid, do quadrinho Ghost World. Isso quando eu era mais nova, porém até hoje gosto da melancolia da história. Sou fã de carteirinha e tenho aqui em casa o quadrinho, o filme, a trilha e a boneca.

    Esses dias resolvi fazer o bordado da Enid do cinema, interpretado pela atriz Thora Birch e dirigido por Terry Zwigoff.

    Saiu assim:

    Nesse ano li o quadrinho Paciência, que já estava na minha lista de desejos faz tempo. Recomendo!

    Assim como todos os outros dele.

  • Todo o meu amor por Varda

    Todo o meu amor por Varda

    Descobri tarde na minha vida a obra de Agnès Varda. Mas em pouco tempo fiquei completamente obcecada em assistir todos os filmes dela que estivessem ao meu alcance.

    De documentários a ficções, a sensibilidade em que tratava cada tema é única e isso me fisgou.

    Só Agnès sabia falar do amor entre uma adulta e uma criança (interpretada pelo próprio filho) em Kung Fu master, sem alarde e com doçura.

    Só Agnès sabia falar da amizade entre mulheres de forma real e bonita como em Uma Canta, outra não.

    Retratava com simplicidade e beleza os moradores da vizinhança ou qualquer outro assunto para seus documentários: Panteras Negras, seu marido (o também cineasta Jacques Demy) e até seu gato Zgougou.

    Era também feminista de forma criativa e inteligente.

    Já mais velha, construiu uma amizade com o artista francês JR que resultou no divertido e emocionante Visages, Villages. E ainda no finalzinho da vida fez sua retrospectiva definitiva, um luxo para poucos.

    Ela foi embora aos 90 anos, em 2019, viajando pelo céu de Paris agarrada a balões coloridos. É essa a imagem que vai ficar na minha mente para sempre.

    *Minha homenagem veio em forma de bordado, na FofysFactory Usei a técnica de foto transferida para tecido com intervenção bordada.

  • Ave, palavra

    Ave, palavra

    Se não fossem as palavras, ditas ou escritas, como seria a nossa vida?

    Eu amo conversar, ler, expor as minhas ideias e aprender novas.

    Somente no ano passado, o inesquecível 2020, fui ler “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa.

    Essa última edição, lançada anos antes, já tinha me comovido pela capa bordada. Decidi que era uma ótima desculpa para comprá-lo e finalmente lê-lo.

    De início, a leitura não é fácil. Mas logo habitua-se ao linguajar e a viagem pelo sertão mineiro e pela vida interior do narrador nos fisga.

    Logo depois, me senti inspirada a bordar um Guimarães Rosa todo meu. Fui atrás das gravuras de Poty já conhecidas de outras edições e fiz minha versão na FofysFactory.

    O trabalho me rendeu muitas, mas muitas encomendas, que até hoje faço com muito amor.

    No final do ano, tive um pedido ainda diferente: seria um presente para o amigo da cliente com uma outra frase de Rosa, tirada do livro Ave, palavra.

    O mais bonito disso tudo é que, ao entregar a encomenda, eu recebi de presente o livro! Com uma capa linda, era a 2ª edição, de 1978 (ano em que nasci!), pela editora José Olympio.

    As histórias que meu trabalho me trazem são muitas e vou registrando aqui com palavras escritas. Ave, palavra!

  • Renovação

    Renovação

    Muito feliz em mostrar a nova papelaria da FofysFactory!

    No começo do ano, estava finalmente de férias. Porém, férias na pandemia é sinônimo de férias em casa. Aproveitei para fazer várias coisas que não tinha tempo enquanto trabalho. Uma delas foi rabiscar meu novo cartão e outras coisinhas para a dar uma cara nova à FofysFactory, minha marca.

    Comprei papéis coloridos na paleta de cores que escolhi, recortei e colei para brincar de montar um arranjo de formas até chegar nas primeiras ideias. Desenhei outras no sketchbook e guardei para finalizar algum dia.

    Alguns meses depois, recorri à prima designer Isabella Grillo (@porisagrillo), que conseguiu trazer para a realidade todas as minhas vontades e fez esse trabalho lindo! Muda daqui, repete dali. Assim, fomos trocando ideias de longe e ela criou o cartão, o postal e adesivos para as embalagens da FofysFactory ficarem ainda mais charmosas.


    Essa semana eles chegaram aqui em casa e já estou animada para fazer as próximas encomendas bordadas!

  • Visionária

    Visionária

    Ainda era início da pandemia, primeiros meses de isolamento social e chegou o convite para uma exposição coletiva de bordados que não ia mais acontecer de forma presencial.

    O grupo Linhas do corpo me chamava para mais uma empreitada: uma criação autoral sobre o tema corpo. Com o mesmo coletivo já havia participado de duas exposições anteriores.

    Gosto muito desses convites porque me fazem deixar um pouco de lado as encomendas cotidianas e focar na criação e experimentação de novas possibilidades com as linhas, algo que sempre me faz falta.

    Assim que criei a obra “Visão”, que partiu da imagem do olho bordado, com utilização de carimbos e técnicas variadas do bordado livre.

    Somente trocamos as fotos das obras prontas entre os participantes, mas a exposição um dia há de acontecer!

  • Sincretismo

    Sincretismo

    Em 2020, a cantora Mônica Salmaso, iniciou o projeto de lives com artistas convidados chamado “Ô de casas“. A partir disso, um coletivo de artístas têxteis me chamou para participar do “Bordando Ô de casas“, onde cada criador faria um bordado baseado nas músicas apresentadas nesses encontros.

    Com o desafio aceito, recebi a letra “Sincretismo“, de Sérgio Santos e comecei a rabiscar as primeiras ideias. Pesquisei sobre festa dos Erês que traduzi através do Cosme e Damião e dos Ibejis, santos similares no catolicismo e no candomblé que remetem à infância, alegria, brincadeira e doces! 🙂

    Depois do desenho pronto, hora de começar a bordar! Utilizei para o fundo o padrão carimbado da minha série Ñyata, inspirada nos desenhos da natureza e arte indígena, criada na oficina de iconografia e design de superfície no CIC, ministrada pela Patrícia Amante.

    Com mais de 120 participantes, a obra inteira foi lançada virtualmente através de um site e de um vídeo emocionante que a Mônica fez ao receber todos esses bordados.