Muitas vezes, meu lugar de refúgio é dentro da história de um filme já visto.
Aqui, na realidade-real-da-vida, a alegria e a tristeza oscilam. Por isso, tem dias que quero a certeza da história do filme já visto.
Para as tardes em que tudo deu errado, o calor do verão californiano do último dia de aula do ginásio, no filme Dazed & Confused. Perambular um dia inteiro com os amigos, prá lá e prá cá, sabendo que terá uma festinha à noite e a certeza de que irá tocar “Detroit Rock city“, do Kiss.
Para uma segunda-feira cinzenta, talvez um novo amor que esteja de férias na sua cidade. Um amor francês com a cara do Melvil Poupaud, que te mostre o outro lado das coisas, como em Broken English.
Para os dias de muita gente ao redor, talvez o melhor seja escapar para o silêncio e para a solidão de Lost in Translation. Pode aparecer alguém, quando você menos esperar, que te entenda perfeitamente.
Já para os dias de solidão, poder escapar para a amizade emocionante entre o artista JR e a diretora Agnès Varda, em Visages, villages, onde a idade é o que menos importa.
Tem ainda aqueles filmes que te fazem ter saudades de alguma coisa que você nem viveu. Ontem eu assisti ao Licorice Pizza e fiquei com saudades dos anos 70, mais precisamente de Los Angeles. Fiquei com saudades de quem eu já gostei e deixei de gostar. Fiquei com saudades da leveza e da falta de compromisso que só a juventude pode te proporcionar.
Na melancolia de um final de domingo chuvoso e frio, foi pra dentro dessa história que eu escapei. Com a certeza de que vou voltar.
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