Autor: Carol Grilo

  • Quando chegar

    Quando chegar

    Quando chegar, e se chegar, o dia de sairmos do casulo, vamos nos deparar finalmente com a nossa realidade.
    Enfim, encararemos nossos lutos, sentiremos as pessoas que perdemos, a falta dos lugares que frequentávamos. Daí também vamos entender tudo que se transformou enquanto estávamos ausentes, no mundo paralelo que nos sobrou criar.
    Não sei como vai ser.

  • É tudo verdade

    É tudo verdade

    De 8 a 18 de abril, acontece o festival internacional de documentários “É tudo verdade”. Será mais um ano de exibições virtuais e gratuitas através do site oficial.

    Neste ano, além do lançamento aguardado de “Alvorada“, sobre os bastidores do impeachment da presidenta Dilma Rousseff (Direção: Anna Muylaert e Lô Politi), terá o lançamento do documentário “Tio Tommy – o homem que fundou a NewsWeek“, dirigido por Loli Menezes da Vinil Filmes, aqui de Florianópolis.

    O baú de Tio Tommy

    O filme conta a trajetória de Thomas John Cardell Martyn, fundador da revista Newsweek, que está enterrado em Agrolândia, no interior de Santa Catarina. Malcon Bauer, ator nascido na cidade, ao tentar conseguir mais informações sobre o personagem, descobriu que Thomas foi na verdade o “Tio Tommy”, homem que casou com a irmã de sua avó.

    A descoberta do personagem deu início a uma pesquisa que se estendeu pelo arquivo nacional no Rio de Janeiro e por entrevistas nos Estados Unidos e Inglaterra, além de relatos de seus contemporâneos na cidade de Agrolândia. Fatos e boatos constroem a verdadeira história de Tommy no filme.

    Loli Menezes, diretora de Tio Tommy

    A exibição será no dia 11 de abril, no site do festival.

    Assista ao trailer aqui.

    Assista ao filme aqui

  • A mão do pintor

    A mão do pintor

    O quadrinho “A mão do pintor” da argentina Maria Luque conta a história de seu tataravó que cursava medicina e foi enviado para a guerra do Paraguai. Para salvar a vida de um soldado combatente, teve que amputar sua mão hábil. Esse soldado era o pintor Cándido López, que teve que aprender a usar a mão esquerda para continuar seu ofício.

    Já seguia o trabalho de Maria pelo Instagram e adoro os desenhos simples e coloridos. Não se engane com as formas desajeitadas e planas, o desenho divertido de Luque nos cativa e contam muito bem sua narrativa.

    Aqui no Brasil, o quadrinho saiu pela Lote 42. Aqui em casa, veio através do presente da amiga Bárbara.

    Compre aqui.

  • Sincretismo

    Sincretismo

    Em 2020, a cantora Mônica Salmaso, iniciou o projeto de lives com artistas convidados chamado “Ô de casas“. A partir disso, um coletivo de artístas têxteis me chamou para participar do “Bordando Ô de casas“, onde cada criador faria um bordado baseado nas músicas apresentadas nesses encontros.

    Com o desafio aceito, recebi a letra “Sincretismo“, de Sérgio Santos e comecei a rabiscar as primeiras ideias. Pesquisei sobre festa dos Erês que traduzi através do Cosme e Damião e dos Ibejis, santos similares no catolicismo e no candomblé que remetem à infância, alegria, brincadeira e doces! 🙂

    Depois do desenho pronto, hora de começar a bordar! Utilizei para o fundo o padrão carimbado da minha série Ñyata, inspirada nos desenhos da natureza e arte indígena, criada na oficina de iconografia e design de superfície no CIC, ministrada pela Patrícia Amante.

    Com mais de 120 participantes, a obra inteira foi lançada virtualmente através de um site e de um vídeo emocionante que a Mônica fez ao receber todos esses bordados.

  • Experimentação

    Experimentação

    A Polaroid que deu errado custa aproximadamente R$10. Me dei ao luxo, certa vez, de comprar novos filmes do “Impossible project”, uma tentativa de reativar a antiga produção das Polaroids. Nenhuma foto dava certo. Eles diziam que muito trabalho ainda teriam até acertar a quantidade dos químicos. Com isso, os clientes ficaram a ver navios e com o bolso mais vazio.

    Destas “não-fotos”, imagens fantasmagóricas serviram de suporte para experimentos bordados que me motivaram a criar uma oficina com este nome. A gente bordava em foto, papel, acetato. O importante era experimentar. E ainda é!

  • Mundo paralelo

    Mundo paralelo

    Há algumas semanas, resolvi criar um mundo paralelo pra mim. Resolvi escutar música no lugar do noticiário, ler livro e não jornais, assistir a filmes interessantes e leves.

    Para esses últimos, a indicação da amiga @clei.dirlean era o diretor Eric Rohmer.

    Assim, passeei pelos subúrbios classe média de Paris, pelos balneários da França e as pequenas cidades do interior, acompanhando as histórias conjugais das personagens. Me deliciei com o figurino anos 80 e os cenários coloridos, os campos floridos e as personagens mulheres que mesmo cheias de dúvidas, vivem o amor a seu modo.

    O diretor tem duas séries específicas: uma chamada “comédies et proverbes”, com seis filmes e outra chamada “contes des quatre saisons” com filmes para cada estação do ano. E todos esses dez filmes me fizeram a melhor companhia nos últimos dias.
    Só a arte nos salva da dura realidade da vida!

    Fica a dica: Assista na plataforma Mubi ou no #cinemaemcasa do site do Sesc SP

  • De que é feito um bordado

    De que é feito um bordado

    Criar um desenho, escolher as cores, eleger os pontos. De tudo isso é feito o bordado. Particularmente, me enche os olhos ver o relevo dos desenhos preenchidos de linha. A cor, a luz e a sombra trabalham em equipe para uma boa foto. Depois de pronto, o bordado é sempre único. Às vezes tenho a missão de reproduzi-lo: uma, duas, dez vezes! Mas cada um fica do seu jeito.

  • O pão

    O pão

    Ingênuo quem acha que nessa pandemia sobrou mais tempo pra gente porque estamos todos em casa.

    Sonhei em poder fazer meu pão de fermentação natural todos os dias, mas a realidade deu um tapa na cara e me afogou em trabalho.
    Além disso, tem a organização da casa: o monstro da pia não dá trégua, o pelo do gato flutua pelo ar e a roupas sujas não podem esperar.

    Com tudo isso, quando finalmente consigo fazer meu pão, é ouro! A espera, a sova, a farinha integral orgânica, a massa borbulhante e, por fim, o cheirinho do forno que se espalha pelo lar.

  • Saudades de sentar na calçada

    Saudades de sentar na calçada

    Há alguns anos, comecei a participar do grupo dos Urban Sketchers Florianópolis. O movimento, que tem pelo mundo todo, consiste em sair para desenhar a cidade como forma de registrar os espaços e arquitetura de nosso tempo. Durante a pandemia, tivemos que adaptar os encontros que passaram a ser virtuais. Desenhamos ambientes da casa, objetos e agora estamos nos virando através das imagens do Google Street View, o que de longe tem a mesma graça de estar sentada numa calçada junto aos colegas desenhistas. Ontem, o tema escolhido foi essa casinha na esquina da Rua Bocaiúva com a Othon Gama D’Eça, muito presente na vida dos moradores de Florianópolis. Lembro dela na infância que era rosa claro e hoje está pintada nesse vermelhão terracota. A cada desenho fica só a vontade de rever meus amigos sketchers e a saudade dos nosso cafés depois dos encontros.