Autor: Carol Grilo

  • Sincretismo

    Sincretismo

    Em 2020, a cantora Mônica Salmaso, iniciou o projeto de lives com artistas convidados chamado “Ô de casas“. A partir disso, um coletivo de artístas têxteis me chamou para participar do “Bordando Ô de casas“, onde cada criador faria um bordado baseado nas músicas apresentadas nesses encontros.

    Com o desafio aceito, recebi a letra “Sincretismo“, de Sérgio Santos e comecei a rabiscar as primeiras ideias. Pesquisei sobre festa dos Erês que traduzi através do Cosme e Damião e dos Ibejis, santos similares no catolicismo e no candomblé que remetem à infância, alegria, brincadeira e doces! 🙂

    Depois do desenho pronto, hora de começar a bordar! Utilizei para o fundo o padrão carimbado da minha série Ñyata, inspirada nos desenhos da natureza e arte indígena, criada na oficina de iconografia e design de superfície no CIC, ministrada pela Patrícia Amante.

    Com mais de 120 participantes, a obra inteira foi lançada virtualmente através de um site e de um vídeo emocionante que a Mônica fez ao receber todos esses bordados.

  • Experimentação

    Experimentação

    A Polaroid que deu errado custa aproximadamente R$10. Me dei ao luxo, certa vez, de comprar novos filmes do “Impossible project”, uma tentativa de reativar a antiga produção das Polaroids. Nenhuma foto dava certo. Eles diziam que muito trabalho ainda teriam até acertar a quantidade dos químicos. Com isso, os clientes ficaram a ver navios e com o bolso mais vazio.

    Destas “não-fotos”, imagens fantasmagóricas serviram de suporte para experimentos bordados que me motivaram a criar uma oficina com este nome. A gente bordava em foto, papel, acetato. O importante era experimentar. E ainda é!

  • Mundo paralelo

    Mundo paralelo

    Há algumas semanas, resolvi criar um mundo paralelo pra mim. Resolvi escutar música no lugar do noticiário, ler livro e não jornais, assistir a filmes interessantes e leves.

    Para esses últimos, a indicação da amiga @clei.dirlean era o diretor Eric Rohmer.

    Assim, passeei pelos subúrbios classe média de Paris, pelos balneários da França e as pequenas cidades do interior, acompanhando as histórias conjugais das personagens. Me deliciei com o figurino anos 80 e os cenários coloridos, os campos floridos e as personagens mulheres que mesmo cheias de dúvidas, vivem o amor a seu modo.

    O diretor tem duas séries específicas: uma chamada “comédies et proverbes”, com seis filmes e outra chamada “contes des quatre saisons” com filmes para cada estação do ano. E todos esses dez filmes me fizeram a melhor companhia nos últimos dias.
    Só a arte nos salva da dura realidade da vida!

    Fica a dica: Assista na plataforma Mubi ou no #cinemaemcasa do site do Sesc SP

  • De que é feito um bordado

    De que é feito um bordado

    Criar um desenho, escolher as cores, eleger os pontos. De tudo isso é feito o bordado. Particularmente, me enche os olhos ver o relevo dos desenhos preenchidos de linha. A cor, a luz e a sombra trabalham em equipe para uma boa foto. Depois de pronto, o bordado é sempre único. Às vezes tenho a missão de reproduzi-lo: uma, duas, dez vezes! Mas cada um fica do seu jeito.

  • O pão

    O pão

    Ingênuo quem acha que nessa pandemia sobrou mais tempo pra gente porque estamos todos em casa.

    Sonhei em poder fazer meu pão de fermentação natural todos os dias, mas a realidade deu um tapa na cara e me afogou em trabalho.
    Além disso, tem a organização da casa: o monstro da pia não dá trégua, o pelo do gato flutua pelo ar e a roupas sujas não podem esperar.

    Com tudo isso, quando finalmente consigo fazer meu pão, é ouro! A espera, a sova, a farinha integral orgânica, a massa borbulhante e, por fim, o cheirinho do forno que se espalha pelo lar.

  • Saudades de sentar na calçada

    Saudades de sentar na calçada

    Há alguns anos, comecei a participar do grupo dos Urban Sketchers Florianópolis. O movimento, que tem pelo mundo todo, consiste em sair para desenhar a cidade como forma de registrar os espaços e arquitetura de nosso tempo. Durante a pandemia, tivemos que adaptar os encontros que passaram a ser virtuais. Desenhamos ambientes da casa, objetos e agora estamos nos virando através das imagens do Google Street View, o que de longe tem a mesma graça de estar sentada numa calçada junto aos colegas desenhistas. Ontem, o tema escolhido foi essa casinha na esquina da Rua Bocaiúva com a Othon Gama D’Eça, muito presente na vida dos moradores de Florianópolis. Lembro dela na infância que era rosa claro e hoje está pintada nesse vermelhão terracota. A cada desenho fica só a vontade de rever meus amigos sketchers e a saudade dos nosso cafés depois dos encontros.