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  • “A cada mil lágrimas sai um milagre”

    “A cada mil lágrimas sai um milagre”

    Desde que li o quadrinho “Sem Dó“, da cartunista e ilustradora Luli Penna, passei a acompanhá-la pelo Instagram. Viramos “amigas de facebook” e a partir daí trocamos comentários, observações e dicas.

    Milágrimas, seu último lançamento, é uma história em quadrinho da poesia de Alice Ruiz que virou música nas vozes de Itamar Assumpção, Ná Ozzetti e Zélia Ducan, entre outros cantores.

    Alice conta que a escreveu depois de ver um comercial de tv: “a cada mil lágrimas sai um milagre”. Narra a passagem pela dor e sobre encarar sua própria tristeza.

    Quando entrei em contato com a Luli para comprar o livro, ela mesma sugeriu: vamos trocar? Assim, enviei o “60 dias dentro de casa”, que Ivan Jerônimo escreveu nos primeiro dois meses de pandemia. Mas esse assunto fica para outro post 🙂


  • Tio Nestor

    Tio Nestor

    O post da tia lembrou: faz 28 anos sem você.

    Vinte-e-oito. Pra mim foi ontem.

    A primeira coisa que lembro é da sua casa no alto da cidade, toda arrumadinha, com cristaleira antiga e cortina de crochê. Como você era prendado! Guardo até hoje a caixinha com laço de durepox que fez pra mim e dentro, o último cartão de aniversário, no meu nove-do-nove, com uma colagem. Jamais imaginaria que eu viria a fazer colagens também. Aliás, quando comecei as minhas criações sempre pensava que iria gostar. Acho que foram os únicos momentos que me fizeram querer acreditar que as almas nos rodeiam aqui na Terra porque, na verdade, eu só queria te mostrar o que eu estava fazendo.

    Vinte-e-oito! De lá prá cá quanta coisa mudou!

    Já existe remédio fornecido de graça pelo SUS, já existe tratamento, uma vida normal mesmo com o vírus. Existe até profilaxiapréexposição. Se fosse alguns anos depois. Sempre penso nisso.

    Penso também quem seria você hoje. Será que teria sido você a primeira pessoa a cortar meus cabelos curtos? Será que estaria sofrendo com esse governo? Será que trocaríamos ideias de leitura? Será que te idealizei?

    Vinte-e-oito e e eu já tenho quase quarenta-e-três.

    Se eu pudesse voltar no tempo, eu teria lido pra você sobre os girassóis que Caio Fernando veio a escrever dois anos depois de mil-novecentos-e-noventa-e-três.

    Se eu pudesse voltar no tempo, não teria te feito trotes ao telefone e teria tomado um sunday com você naquele ‘café do ponto’ no predinho do salão.

    Hoje sou saudades.


  • Arquiteta

    Arquiteta

    Nas livrarias, adoro passear nas prateleiras da seção de livros infantis. Os livros são tão mais legais quando têm ilustrações!

    Procurando o presente para minha sobrinha, me deparei com este que conta a história da arquiteta Lina Bo Bardi, uma das minhas preferidas! Descobri que o livro foi escrito e ilustrado pela espanhola Ángela León, criadora do genial “Guia Fantástico de São Paulo“, que temos aqui em casa.

    As belas ilustrações nos levam para essa aventura que foi a vida de Lina. Desde sua vinda da Itália, ele narra em ordem cronológica sua passagem por São Paulo e Bahia, com o olhar sempre atento ao criar uma arquitetura popular, para ser realmente usada pelas pessoas. Seus projetos sempre foram criativos e divertidos, desde o desenho de móveis aos museus e parquinhos infantis.

    Confesso que ao voltar pra casa abri para ler antes de presentear! E, claro, já penso em ter um exemplar só pra mim! 🙂


  • Olhe pra cima!

    Olhe pra cima!

    Tudo parecia tão diferente. No lugar das habituais flores, cruzes estavam cravadas na terra.

    Mas olhei pra cima e o céu continuava azul, o sol queimava a pele e o vento batia no rosto.

    Ainda olhando pra cima, formou-se um teto verde e leve com as folhas das aroeiras frondosas. Os bem-te-vis também estavam ali, assim como a gralha azul que cantou forte na árvore mais distante.

    De certa forma, a vida continua.


  • Café imaginário

    Café imaginário

    Vislumbrando um futuro encontro, com uma mesa na varanda, café moído na hora e pão feito em casa, compartilhei minhas saudades em forma de convite. Um convite imaginário de um café em casa com amigas. Garanti também boa música e companhia da minha gata Beterraba.

    Assim que coloquei no Instagram tive uma grata surpresa: tanta gente querida quis entrar nesse “bonde”!

    Compartilhando meus pensamentos nostálgicos, minhas angústias e medos, tenho tido as melhores companhias, mesmo que distantes.

    Já está valendo a pena.


  • As casas têm história

    As casas têm história

    Esses dias chegou aqui o exemplar de ‘Habitar: casas com história em Brusque’, projeto com textos de @ricardo.weschenfelder e ilustrações de Márcia Cardeal.

    Através de desenhos das casas que restaram na paisagem da cidade, Ricardo narra a importância da memória através da arquitetura. Os desenhos de Márcia formam um mapa que nos convidam a um belo passeio por Brusque, Santa Catarina.

    O projeto foi viabilizado por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc.


  • Renovação

    Renovação

    Muito feliz em mostrar a nova papelaria da FofysFactory!

    No começo do ano, estava finalmente de férias. Porém, férias na pandemia é sinônimo de férias em casa. Aproveitei para fazer várias coisas que não tinha tempo enquanto trabalho. Uma delas foi rabiscar meu novo cartão e outras coisinhas para a dar uma cara nova à FofysFactory, minha marca.

    Comprei papéis coloridos na paleta de cores que escolhi, recortei e colei para brincar de montar um arranjo de formas até chegar nas primeiras ideias. Desenhei outras no sketchbook e guardei para finalizar algum dia.

    Alguns meses depois, recorri à prima designer Isabella Grillo (@porisagrillo), que conseguiu trazer para a realidade todas as minhas vontades e fez esse trabalho lindo! Muda daqui, repete dali. Assim, fomos trocando ideias de longe e ela criou o cartão, o postal e adesivos para as embalagens da FofysFactory ficarem ainda mais charmosas.


    Essa semana eles chegaram aqui em casa e já estou animada para fazer as próximas encomendas bordadas!


  • Little Lulu ou Luluzinha

    Little Lulu ou Luluzinha

    De dentro da caixa guardada no fundo do armário apareceram essas figurinhas da turma da Luluzinha. Elas eram mais antigas que eu, mas quando ganhei de meu pai, agarrei e nunca mais me separei. Me fizeram companhia na infância e ficaram cuidadosamente guardadas na adolescência e idade adulta, quando passaram comigo por todas as minhas moradas.

    O apego não é à toa, Luluzinha era meu gibi preferido. Me recordo das idas à banca Jorelli no centro de Florianópolis, todos os domingos. Meu pai me dava carta branca para escolher meu gibi e ele comprava o exemplar da vez da revista Cinemin. (Coleção que mais tarde doamos para um amigo).

    Luluzinha & Bolinha me influenciaram graficamente com seus traços limpos e coloridos. Lulu também foi a primeira feminista que tive contato. Era uma menina inteligente, ardilosa e sabia se impor perante aos meninos do Clube do Bolinha. Além de ter sido criada por uma mulher, a cartunista Marjorie Buell.

    Com o tempo, minha coleção tornou-se grande e talvez um dos maiores arrependimentos da vida foi ter me desfeito dela. Salvei alguns exemplares e mais tarde resgatei edições em sebos, a fim de recuperar o tempo perdido.

    Mal sabia que nenhum tempo é perdido. As memórias da Lulu dentro de mim estão bem mais vivas do que imaginava! E para sempre.


  • Brigadeiros

    Brigadeiros

    Naquele outubro de 2018 comi os brigadeiros mais amargos da vida. Minha ingenuidade e esperança fez crer que seria noite de comemoração e o que recebi foi a pior notícia através de um âncora de telejornal. O amargo dos brigadeiros se misturou ao salgado das lágrimas.
    .
    Quase três anos depois, como brigadeiros querendo que estivessem doce. Mas além de amargos agora têm gosto de sangue.
    Como brigadeiros trancada em casa pra evitar de morrer.
    Como brigadeiros enquanto lá fora comemoram a morte e a tortura.
    Como brigadeiros também para lembrar que eles eram para festas e não funerais.


  • Heroínas negras

    Heroínas negras

    Conheci a escritora Jarid Arraes através dos contos de “Redemoinho em dia quente”, lançado pela editora Alfaguara. Através das personagens mulheres, a escrita nos leva à região do Cariri, onde Jarid nasceu e voltou para a pesquisa do livro. As fotos trazidas dessa viagem podem ser vistas em seu site.

    Depois dessa leitura, fiquei curiosa para conhecer seus cordéis em “Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis”, pelo selo Seguinte. Jarid, que também é filha e neta de cordelistas, nos apresenta personagens negras da história do Brasil, muitas vezes não tão conhecidas.

    O livro começa com Antonieta de Barros, personagem de Florianópolis, onde moro. Mas também nos conta sobre Dandara dos Palmares, Carolina Maria de Jesus, Maria Filipa, entre outras. Todas ilustradas por Gabriela Pires.

    Penso que esse livro pode ser um material precioso a ser usado nas escolas de todo o país.