Depois de um ano e meio caminhando pelo mesmo bairro, poderia desenhar meu mapa mental das casas, as plantas de cada um dos jardins frontais, as fachadas. Conseguiria lembrar das casas com os jardins bem cuidados, das que pintaram, reformaram e trocaram as telhas.
Mas prefiro mapear os gatos.
Nos primeiros dias de caminhada pandêmica, conheci a Bernadete: gata tricolor, redonda e mansa. Conseguia até pegá-la no colo! Assim que chegava, ela já me via e ficava por ali até o final dos exercícios. Mais dois amiguinhos moravam nas casas em frente à dela. Um somente rajado e um rajado e branco, que adorava ficar no buraquinho da lajota da rua. Um gato buraqueiro!

Na rua paralela, avistava os irmãos da casa amarela: um rajadinho menor e um laranjão maior. Fofos!
Na esquina da praça tinha o gato preto. Um gato jovem, furtivo e esperto, que gostava de passear por aí.
Tinha também o Bolinha França! O gato mais gorducho que já vi na vida (mentira! lembrei dos irmãos laranja enormes da loja de aviamentos de Garment District, em NYC). Mas Bolinha França não fica pra trás. Sua dona deixava a porta aberta pra ele passear na rua e ele vinha direto para meus carinhos. Era gordão e não castrado, o que me faz pensar que essa dona não tem muita noção e eu cuidaria melhor do bicho.


Ultimamente não tenho mais avistado meus amigos felinos. Bernadete é de quem sinto mais falta porque eu realmente me apeguei a ela. Talvez, se eu tivesse cedido à ideia de sequestro felino, estaria com ela em casa neste momento.
Me sobrou fazer o mapa dos gatos, com desenho, localização e nome de cada um. Nomes que eu mesma inventei.
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