Autor: Carol Grilo

  • Indecifráveis

    Indecifráveis

    Trabalho com colagem há algum tempo. Se for contar a época em que recortava, colava e montava universos criados em capas de cadernos e páginas de agenda, faz mais tempo ainda.

    Comecei a levar essa técnica para meu processo criativo quando fiz algumas oficinas com a colagista Pati Peccin, também aqui de Florianópolis.

    Meu último trabalho com colagem partiu de um exercício em que brinquei com a ligação entre letras (a fonte escolhida foi Helvetica) e dei formas inusitadas e ilegíveis a elas.

    Essas “palavras-figuras” foram coladas em folhas caídas de árvores em parques, praças e canteiros e redistribuídas nos mesmo locais, a fim de que alguém as achasse por aí.

    Continuei essa investigação e criei uma pequena publicação manual e caseira, utilizando o formato de encadernação concertina (uma espécie de sanfona ao abrir), onde, mais uma vez, essas “palavras” tornaram-se a ilustração do livreto, juntamente com outras imagens.

    A partir daí, criei a série de colagens Indecifráveis. São imagens fortes buscadas no fotojornalismo, acompanhadas de padrões criados com a junção dessas letras. Essa série é composta de três colagens principais.

    A novidade é que elas farão parte de uma publicação coletiva, resultado dos trabalhos desenvolvidos com o grupo Impossibilidade do esgotamento. Será lançado em abril deste ano.

    Aguarde.

  • Bordando palavras

    Bordando palavras

    Certa vez, fui convidada para sair num livro chinês falando sobre meu trabalho na FofysFactory. Foi uma emoção ter participado da edição feita pela escritora Affa, de tão longe. Uma amiga achou o livro sem querer ao entrar numa livraria na China e fotografou pra mim, antes mesmo de eu ter recebido a minha edição.

    Em outro momento, fui convidada a ensinar um produto feito pela FofysFactory num livro americano da escritora Kristen Rask de “faça você mesmo” (do it yourself). Nunca recebi a edição. Passaram anos até o dia que levei um susto ao avistar, sem querer, o livro na prateleira da extinta da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. E a melhor notícia: meu produto estava na capa!

    Em plena pandemia, surgiu o convite para ilustrar com bordados o livro escrito pela mineira Paula Gotelip, que se chama “Dançando com as palavras”. É um livro infantil onde ela relata sua própria vivência tendo dislexia.

    Com o convite, veio também a amizade com a equipe criativa. Filipe Lampejo, designer de mão cheia lá de Belo Horizonte, cuidou da cara do livro e colaborou com a ilustração também. Nas mãos dele é que meus bordados ganharam vida e volume nas páginas impressas.

    A edição ficou por conta da Cia. Mafagafos, representada pela Aline Maciel, aqui de Florianópolis.

    Foram muitas conversas e trocas de ideias remotas (parte do grupo em Minas e outra parte aqui em Florianópolis) até que o livro finalmente nasceu, com o empurrão do Edital da Fundação Franklin Cascaes.

    Todo o design foi pensado na acessibilidade das pessoas com dislexia, para que a leitura seja confortável, clara e divertida. A história encoraja as crianças disléxicas a dançarem com as palavras!

    Vamos dançar? Assista ao vídeo de todo o processo aqui.

  • Começar a bordar

    Começar a bordar

    Dou aulas de bordado contemporâneo desde 2016.

    Sempre falo o quanto é importante separar um tempo na rotina para se dedicar à criação e para aprender algo novo. Enquanto bordamos é também um momento de reflexão e de colocar os pensamentos em ordem, além de ficarmos longe das telas. Esse é um espaço reservado no dia para a troca de ideias com os outros alunos.

    Comecei minha carreira de professora com duas oficinas de bordado contemporâneo no extinto Coffee & Shop 18, no Itacorubi.

    Depois, passei por um longo período e formei dezenas de turmas no espaço da Faferia, no centro, administrado pelo Fifo Lima.

    De lá pra cá, fui convidada para dar aulas em diversos espaços: Eventos corporativos no Costão do Santinho e Il Campanario, Colégio de Aplicação da UFSC, Fundação Hassis, IFSC de São José, entre outros.

    Mas foi a partir de 2019 que me dediquei às turmas contínuas. Alunos que nada bordavam começaram a criar utilizando as diversas técnicas que ensino nessas aulas. Tenho alunas que estão comigo há 8 anos e o progresso delas é visível e me deixa muito feliz.

    No último ano, levei minhas aulas para o Ateliê Alvéolo, que fica no bairro Pantanal, aqui em Florianópolis. O Ateliê acabou de completar 10 anos e é administrado pela artista aquarelista Zulma Borges.

    A novidade é que a partir de março começo a terceira turma lá. Será no período da manhã, atendendo aos pedidos.

    Acontecerá todas as sextas, das 9h às 11h e a mensalidade é R$ 220.

    Ainda temos vagas!

    Temos vagas também na turma vespertina das quintas, das 14h às 16h.

    Se você interessou e quer fazer parte, me escreva no contato@fofysfactory.com.br.

    Lembrando que oriento cada aluno individualmente, ou seja, você pode nunca ter bordado ou já saber bordar. É um espaço para desenvolver ainda mais sua habilidade com agulha e linha e ter novas referências na utilização do bordado na arte contemporânea. Venha!

    Aulas de Bordado Contemporâneo com Carol Grilo

    Turma Nova

    Todas as sextas-feiras, das 9h às 11h.

    Mensalidade R$ 220

    No Ateliê Alvéolo, Rua Maria Eduarda, 80 – Bairro do Pantanal, Florianópolis.

  • Noite de abertura

    Noite de abertura

    Mal o relógio marcou 19h, cheguei no Museu Victor Meirelles.

    Ao entrar no espaço expositivo, já avistei pessoas conhecidas.

    Estava curiosa para saber como ficou a montagem da exposição Arte: substantivo feminino. Dias antes, fui avisada pela amiga Juliana de que o museu havia aberto as inscrições para essa exposição. É a primeira vez que a instituição faz uma chamada pública, só para artistas mulheres de todo o Brasil, em lembrança ao dia internacional da mulher (8 de março).

    Não hesitei em enviar minha obra Etéreo Onírico, que produzi em 2024.

    Poucos dias depois de submetê-la, recebi a boa notícia de que eu estava entre as 48 artistas selecionadas.

    A noite de abertura foi agitada, cheia de visitantes amigos, comentários generosos sobre a minha obra e muita conversa.

    Foi muito bom ver todos os trabalhos juntos, conhecer algumas artistas e rever outras. A escolha da curadoria em agrupar obras afins deu consistência ao percurso de visitação.

    As participantes usam diversas técnicas, como fotografia, audiovisual, colagem, pintura, gravura e escultura.

    A curadoria da exposição é de Simone Rolim de Moura, Ticiane Marassi, Mara Vasconcelos e Rita Coitinho.

    A montagem e iluminação foi feita por Flávio Brunetto.

    As artistas

    • Ana Viegas
    • Annete Owatari
    • Bellatrix Serra
    • Carol Grilo
    • Carol Westt
    • Carolina Castro
    • Clara Rovaris
    • Claudete Luginieski
    • Claudia Bavagnoli
    • Dami Vargas
    • Daniela Sirqueira
    • Denise Prehn
    • Francinete Alberton
    • Gabriela Stragliotto
    • Ilca Barcellos
    • Janete Machado
    • Joyce Mussi
    • Júlia Steffen
    • Juliana Gomes
    • Julie Silva
    • Laïs Krücken Pereira
    • Laura Freitas
    • Lenora Rosenfield
    • Liah G
    • Lorena Galeri
    • Luanda de Oliveira
    • Maria Luiza Amorim
    • Mariana Zanelli
    • Marina Ayra
    • Marisa Martins Carvalho
    • Monique Marin
    • Nádia de Marco
    • Nina Simão
    • Paloma Gomide
    • Priscila Boldrini
    • Ralyanara Freire
    • Samira Pavesi
    • Shila Joaquim
    • Silvia Ruiz
    • Sofia Cavalheiro da Silva
    • Suely Carrião
    • Talita Warnava
    • Tânia Ribeiro
    • Teresa Cristina Silva Pereira
    • Thays Leonel
    • VeraLu
    • Vitória Haab Portela
    • Viviane Rocha

    Visite

    Exposição Arte: substantivo feminino

    Visitação: até 18 de março de 2025, de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábado das 10h às 15h (exceto feriados).

    Museu Victor Meirelles
    Rua Victor Meirelles, 59, Centro · Florianópolis, SC. (Entrada pela porta lateral na Rua Saldanha Marinho).
    Informações: mvm@museus.gov.br

  • Arte: substantivo feminino

    Da dica de uma amiga ao envio da obra, foram apenas alguns dias até saber que fui selecionada entre 106 artistas do Brasil todo.

    Fiquei contente em saber que minha obra “Etéreo Onírico” havia sido escolhida para integrar a exposição Arte: substantivo feminino, no Museu Victor Meirelles, aqui em Florianópolis.

    A exposição que é composta apenas por artistas mulheres, segue até o dia 18 de março.

    A abertura acontece na próxima quarta, dia 19 de fevereiro, às 19h.

    E você está convidado!

    O Museu Victor Meirelles fica na Rua Victor Meirelles, 59, no centro de Florianópolis.

  • Modelo vivo

    Modelo vivo

    Quando estou insatisfeita com algumas coisas na vida, me sentindo sozinha ou chateada com alguma coisa que alguém fez pra mim, tento sair do padrão. Procuro fazer coisas novas, conversar com pessoas diferentes. Assim, descubro coisas de mim que de outra forma não descobriria.

    Depois de um desapontamento, percebi que estava deixando de fazer coisas interessantes por mim e perdendo energia com outras pessoas.

    Resolvi, finalmente, me dar a chance de tentar desenhar pessoas – coisa que sempre me achei muito ruim – e participar das sessões de modelo vivo promovida por dois amigos.

    Lá fui eu, munida de um caderno grandão A2 e uma lapiseira com grafite integral, daquelas bem grossas, que prometiam “soltar meu desenho”.

    Meu olhar já treinado a desenhar o que observo, na maioria das vezes um objeto arquitetônico, me ajudou no processo.

    Me senti motivada pelos primeiros resultados de três horas desenhando sem parar: desenhos de um, três, seis e até nove minutos. Aprendi que prefiro os de tempo mais curto.

    Escrevo aqui hoje, depois de cinco sessões e esperando por mais algumas que encerram o ciclo de encontros.

    Tem dias que os desenhos fluem, o modelo é mais desafiador, faz poses mais interessantes e veste roupas mais legais de desenhar. Outros em que não fico satisfeita com quase nada. Mas o importante, em tudo que se faz, é a prática que só a dedicação e repetição trazem.

    Então, continuo desenhando, desenhando, desenhando…

  • Mundo secreto

    Mundo secreto

    Esses dias, uma amiga comentou do prazer que ela tinha ao também acordar às 5h e fazer exercícios. Comentou também que parecia fazer parte de um mundo secreto.

    Achei ótima a definição porque sinto o mesmo.

    Acordar antes do amanhecer, ainda mais agora que o inverno se aproxima, faz a gente achar que é um dos poucos que estão acordados.

    Só escuto o miado da minha gata pedindo comida, de um ou outro cachorro na vizinhança e todos os tipos de pássaros, que fazem jus ao termo em inglês “earlybird”.

    Enquanto caminho, ainda é noite. Encontro um gato que ainda dorme na sua caixinha na garagem da casa. O silêncio me permite escutar alto o bater do bico do pica-pau no tronco da árvore.

    Cruzo com muito pouca gente no trajeto e essa sensação me traz um prazer imenso. Assim como assistir ao nascer do sol e ver as gradações de laranja e rosa que o céu se apresenta antes de ficar azul ou cinza.

    Então, ao acordar, lembre-se: já fui e já voltei do meu mundo secreto.

  • Como ficar sozinho

    Como ficar sozinho

    A bíblia da minha vida de ateia é um livro chamado “Como ficar sozinho“.

    Ao contrário do que primeiramente se pensa, não é um livro triste, nem de fracassados. É um livro inspirador, com experiências e questões interessantíssimas e filosóficas.

    Desde que escolhi não ter uma família com filhos, penso que tenho que saber e desfrutar de uma vida só. Tenho que bastar a mim mesma.

    Não tem a ver com gostar de ficar sozinha, embora muitas vezes eu goste. Adoro ter pessoas que gosto em redor. Gosto de ter amigos interessantes e de uma boa conversa também.

    O importante é não me impedir de fazer o que quero porque não tem ninguém junto na empreitada.

    É sozinha, no banho, que vêm as melhores ideias. É sozinha, caminhando, que vêm os melhores textos. As soluções da vida diária aparecem nas horas de solidão. E eu desfruto de estar comigo mesma, observando meus pensamentos.

    O maior deslize é quando esqueço que ‘quem tem vida interior jamais padecerá de solidão’, parafraseando Artur da Távola 🙂

    *Este livro apareceu na minha vida num sebo virtual e faz parte da coleção da “School of life”, famosa escola fundada pelo Alain de Botton.

  • Novo Mundo

    Novo Mundo

    Se você, homem, avistar uma mulher falando ao pé do ouvido de outra mulher, fique com medo. Quando entramos no banheiro todas juntas, tenha ainda mais receio. Rodinhas femininas, dupla caminhando, conversa no telefone: alerta!

    Além de estarmos falando sobre os nosso feitos e alegrias, compartilhamos também o que sabemos sobre os homens que passaram em nossa vida.

    Desse jeito, descobri que aquele cara massa que foi casado com a amiga, na verdade era um abusador. O outro, tem medida protetiva e não pode chegar perto da ex, nem dos filhos. Tem ainda o que a mulher tem que fazer o prato pra ele, todos os dias. O que se faz de solteiro, no bar ou no perfil da rede social, mas é casado há anos e tem filho. São inúmeros os casos de agressão física e estupro. É de chorar mesmo. Todos da “maravilhosa bolha de progressistas”.

    Trago verdades: a antiga tática de nos colocarem umas contra as outras já não funciona mais. Incentivar nossa competição e rivalidade, já não cola.

    Se você é homem e se identificou, muito provavelmente eu nem esteja falando de você. Mas aproveite o embalo e tente se ambientar no novo mundo.

  • Agradecimento.

    Agradecimento.

    Os últimos quinze anos passei praticando yoga regularmente. Comecei tarde, com trinta anos, atrás de algo para acalmar o coração e apaziguar minha ansiedade. Encontrei minha primeira professora, que virou amiga, e uma prática que carregarei para o resto da vida.

    Mais tarde ela também virou minha aluna, mas de bordado.

    Durante essas práticas ouvia muito sobre gratidão, sentimento que sempre cultivei na vida. Na yoga, não foi difícil me sentir completa e agradecida por conquistar sempre alguns centímetros a mais no alongamento, de ter amigos, boas conversas e pela troca de experiências.

    Os anos passaram, a professora resolveu se aposentar num momento político bem conturbado. Num pós-pandemia cheio de fantasmas traduzidos em notícias falsas. Aposentou-se amargurada, dizem. Com o coração escasso de agradecimento.

    Ainda bem que gratidão a gente sente sem precisar que o outro sinta.

    Me sinto completa nessa jornada de quinze anos. Feliz por incluir a yoga na minha rotina e por encontrar nova mestra em uma amiga de longa data.

    Sigamos a prática. Namastê!